Oftalmologista da Unimed-BH orienta sobre a necessidade de um diagnóstico ágil e tratamento adequado para estabilizar a doença
A diminuição da visão na infância e adolescência, o hábito de coçar constantemente os olhos e o aumento muito frequente do astigmatismo podem ser sinais de ceratocone. A doença afeta a córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do olho, deixando-a mais fina e menos resistente. Ela assume um formato de cone, prejudicando a visão. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), 20% dos transplantes de córnea realizados no país são por causa dessa enfermidade. Para orientar a população sobre o diagnóstico, controle e avanço no tratamento, o CBO criou a Campanha “Junho Violeta”.
A maior incidência do ceratocone ocorre na adolescência, normalmente entre os 13 e 18 anos, estabilizando-se por volta dos 40. A enfermidade atinge cerca de 150 mil brasileiros por ano. Geralmente, em 90% dos casos, ambos os olhos são afetados. Para o oftalmologista cooperado da Unimed-BH, Luiz Carlos Molinari, a alteração no formato da córnea pode acarretar uma perda acentuada da visão. “O ceratocone não provoca a cegueira, mas prejudica a visibilidade, proporcionando imagens retorcidas ou sombreadas e dificultando a realização de tarefas rotineiras”, afirma o médico.
A hereditariedade é fator preponderante para o surgimento da doença. “Se a pessoa tiver parentes com ceratocone deve manter uma regularidade das consultas oftalmológicas. O estágio inicial da doença pode ser imperceptível, por isso conscientizar a população é tão importante”, orienta Molinari. Estudos também demonstram a associação da enfermidade com patologias sistêmicas, como a Síndrome de Down, Turner, Ehlers-Danlos e Marfan. Alterações na superfície da córnea podem contribuir para o aparecimento do ceratocone, como falta de colágeno ou o ato de esfregar os olhos com frequência.
Inicialmente, o ceratocone não apresenta sintomas, mas com a evolução da doença, os pacientes podem ter visão embaçada ou diminuição súbita da acuidade visual, desenvolvendo, posteriormente, astigmatismo irregular. A enfermidade tem grande relação com alergia ocular, portanto, a vontade de coçar os olhos é resultado dela. Além da coceira, o paciente também pode apresentar uma sensibilidade maior à luz e irritação nos olhos.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
A investigação da doença é feita, inicialmente, com o histórico do paciente, incluindo exames complementares para avaliar a córnea e o possível comprometimento da área afetada. “Somente o oftalmologista está apto para dar o diagnóstico. Existem várias doenças que atingem a córnea e o especialista faz uma análise minuciosa para eliminar todas as outras possibilidades”, esclarece o cooperado da Unimed-BH.
A doença não tem cura, mas o acompanhamento correto é capaz de retardar a progressão, estabilizando-a. Quando descoberto em sua fase inicial, o uso dos óculos é o mais indicado. Já, no estágio moderado, as lentes de contato são importantes, pois ajustam a superfície da córnea e corrigem o astigmatismo. Um avanço no tratamento é o cross-linking – combinação de radiação ultravioleta (UV-A) e vitamina B2, que produz um aumento nas ligações entre as fibras de colágeno, fortalecendo a estrutura da córnea e estabilizando a doença.
Outra técnica utilizada em estágio moderado é o implante de anel intraestromal. Um segmento de anel feito de um material biocompatível (PMMA) é implantado na camada média da córnea (estroma) para remodelar a curvatura. O transplante de córnea é indicado como último recurso para os casos avançados da doença. “É um procedimento cirúrgico que consiste na substituição do centro da córnea doente por outra saudável, a partir de um doador. O transplante é viável depois de se tentar todas as outras técnicas”, conclui o oftalmologista.