Especialista explica que saúde mental abalada causa desequilíbrios hormonais e de marcadores inflamatórios
Nos últimos anos, evidências robustas têm destacado a estreita ligação entre o bem-estar mental e a saúde física, revelando que emoções negativas podem desencadear impactos adversos no organismo. De acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha, em 2023, apenas 7% dos brasileiros avaliam a sua saúde mental pessoal como ruim ou péssima, sendo a faixa etária entre 16 e 24 anos a mais insatisfeita (13%). Contudo, 30% dos brasileiros se sentem ansiosos, apresentam problemas com sono e com a alimentação sempre ou frequentemente, 25% manifestam pouco interesse ou prazer em fazer as coisas e 20% relatam dificuldade de atenção ou concentração.
De acordo com o psiquiatra cooperado da Unimed-BH, Alexandre Pereira, o estresse crônico, a depressão e estados ansiosos intensos podem exercer uma influência no eixo da regulação hormonal humana, resultando no aumento da produção de cortisol, marcadores inflamatórios e estímulos simpaticomiméticos (situações que se assemelham a ação do sistema nervoso simpático), caracterizados por taquicardia, hipertensão, hipertermia, transpiração intensa, hiperreflexia – atividade aumentada dos reflexos, dilatação da pupila e palidez. “Esse fenômeno, perpetuado por transtornos mentais, pode culminar em uma série de complicações no corpo, aumentando os riscos de tumores, câncer, infecções e doenças cardiovasculares a longo prazo. Assim, o bem-estar mental emerge como um fator crucial, com impactos visíveis na saúde física a médio e longo prazos”, explica.
Em contrapartida, o psiquiatra explica que emoções positivas desempenham um papel protetor, reduzindo os efeitos prejudiciais do estresse. “Indivíduos que cultivam um estado emocional positivo demonstram uma redução nos riscos associados ao sofrimento mental prolongado”, reforça.
A exposição prolongada a circunstâncias geradoras de estresse, ansiedade crônica ou depressão pode desequilibrar o organismo, acarretando a predisposição às doenças físicas. Assim, a relação intrínseca entre transtornos mentais e desequilíbrios orgânicos internos destaca a necessidade de considerar o bem-estar mental na promoção da saúde física geral.
Estilo de vida e saúde
A mudança de estilo de vida é crucial envolve reflexões sobre a administração do tempo, relacionamentos, trabalho e lazer. O cooperado da Unimed-BH destaca que quatro elementos são cruciais nesse processo de transformação: alimentação, exercícios físicos, sono e práticas meditativas.
Alimentação: a redução significativa do consumo de alimentos processados e ricos em açúcares é importante. A adoção de uma dieta mediterrânea, por exemplo, com ênfase em óleos, peixes, frutas e verduras, contribui para aspectos físicos e mentais.
Exercícios físicos: a prática regular de atividades aeróbicas, pelo menos três vezes por semana, emerge como um fator de proteção essencial contra doenças cardiovasculares, estresse e transtornos ansiosos leves.
Sono: a atenção às medidas de higiene do sono é vital para preservar a qualidade psíquica e física, evitando distúrbios cognitivos e cansaço excessivo.
Meditação e Mindfulness: atividades como yoga, tai chi chuan e práticas meditativas contribuem para a redução do estresse, melhora da função imunológica e preservação da saúde mental. O médico Alexandre Pereira afirma ainda que as relações interpessoais positivas também são cruciais para promover uma vida plena e saudável. “Estudos de longo prazo enfatizam que a qualidade das relações interpessoais é um elemento central na preservação da qualidade de vida. O envolvimento em relacionamentos positivos, seja na família, amizades ou comunidade, desempenha um papel vital no suporte psicossocial, promovendo uma sensação de pertencimento e apoio”, conclui.