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Obesidade infantil: Endocrinologista da Unimed-BH fala sobre a importância de repensar atitudes para melhorar a alimentação das crianças

Com o trabalho em home office e os estudos a distância a partir de casa durante vários meses, além de períodos de restrições para a entrada em academias, clubes, instalações esportivas e, até mesmo, em praças e parques, o contexto gerado pela pandemia têm oferecido um grande desafio tanto para os pais quanto para os filhos. Com isso, é muitas vezes inevitável que as crianças passem mais tempo em frente às telas, enquanto pais, exaustos, preparam um rápido sanduíche para o almoço, entre uma reunião virtual e outra. Se você já se viu em um cenário parecido com este, não é difícil perceber que a saúde de nossas crianças pode estar sendo impactada negativamente.

Apesar de agravado pelas circunstâncias da pandemia, esse não é um problema novo. A obesidade infantil é uma preocupação crescente em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 1975 a 2016, a quantidade de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos de idade com sobrepeso ou obesidade aumentou mais de quatro vezes, de 4% para 18% ao redor do planeta. No Brasil, o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) mostra que 7% das crianças menores de cinco anos estão com excesso de peso e 3% estão obesas.

“Essas crianças não apenas correm maior risco de apresentarem problemas de saúde, mas também são mais propensas a serem vítimas de bullying e sofrerem problemas de saúde mental”, alerta a endocrinologista cooperada da Unimed-BH Roberta dos Santos Rocha. Ela explica que quanto menor a idade da criança e maior o grau de obesidade e presença de familiares com obesidade, maior é a chance de a criança permanecer obesa na idade adulta. “Doenças até então comuns na idade adulta estão mais prevalentes na população infantil, como hipertensão arterial, aumento dos níveis de colesterol e diabetes mellitus.”

Pensando em combater o avanço da obesidade infantil no país, o Ministério da Saúde lançou a Estratégia Nacional de Prevenção e Atenção à Obesidade infantil (Proteja), com o objetivo de alinhar iniciativas de estados e municípios e destinar R$ 90 milhões para o cuidado com a nutrição infantil. De acordo com a pasta, as ações visam a promover a alimentação saudável entre crianças e adolescentes.

A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de peso, que pode ter causas hereditárias associadas a fatores ambientais e comportamentais. A OMS a considera uma epidemia, em consequência da adoção de maus hábitos alimentares e da falta de atividade física. “Se um dos pais é obeso, isso aumenta em até três vezes o risco de a criança desenvolver obesidade. Essa probabilidade cresce para até 15 vezes, se ambos os pais forem obesos”, esclarece a especialista. Ela destaca que fatores hormonais ou sindrômicos são raros: “a principal causa da obesidade infantil é o balanço energético positivo, ou seja, um consumo maior de alimentos e calorias aliado a um gasto menor de energia”.

EXEMPLO EM CASA

É responsabilidade dos adultos agir de forma a servir de exemplo para o comportamento das crianças. Para isso, a médica Roberta Rocha recomenda que privilegiar alimentos variados e saudáveis – como feijão, arroz, carne, vegetais e frutas – e evitar produtos industrializados e ultraprocessados deve ser uma postura incorporada à rotina diária e praticada por todos dentro de casa. Ela comemora a campanha recém-lançada pelo Ministério da Saúde. “O poder público também tem um papel importante no incentivo à adoção de hábitos mais saudáveis. No Reino Unido, por exemplo, há uma lei que proíbe anúncios de alimentos industrializados na TV e na internet antes das 21 horas”, completa.

A endocrinologista da Unimed-BH oferece mais algumas dicas para que os adultos participem ativamente na reeducação alimentar das crianças e de toda a família:

  • Aja logo. O estímulo e oferta de alimentos naturais e saudáveis precisa acontecer desde os primeiros anos, reforçado pelo bom exemplo dos pais e adultos. É recomendada uma atitude exemplar dos responsáveis a fim de evitar uma alimentação hipercalórica ou baseada em produtos ultraprocessados desde cedo.
  • Programe oportunidades diárias para a realização atividades físicas e aproveite o tempo livre para participar junto com a criança desses momentos. Brincadeiras, jogos e a prática esportiva fazem parte do desenvolvimento físico e mental das crianças, assim como ajudam a diminuir o tempo que elas passam em frente às telas.
  • Pense duas vezes antes de usar a comida como recompensa para a criança. isso não apenas tende a aumentar o consumo desses alimentos, mas também pode associá-los à positividade e ao prazer. O melhor a fazer é dar atenção positiva quando a criança faz a coisa certa.
  • Cuidado com que oferece como lanche. Crianças em idade pré-escolar devem se alimentar levemente entre as refeições, no meio da manhã e no meio da tarde, e as mais velhas precisam de algo nutritivo quando voltam da escola. Nesses casos, evite salgadinhos e produtos industrializados, dê preferência a frutas, castanhas, iogurte, ou mesmo sanduíches feitos em casa com alimentos frescos.
  • Evite as bebidas doces. Refrigerantes e sucos industrializados contêm grande quantidade de açúcar, portanto, é recomendável limitar o consumo desse tipo de alimento.
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