Espetáculo-documentário coloca no palco a história do Morro das Pedras contada pelos seus moradores e por grandes nomes da música nacional, como Elza Soares, Carlinhos Brown, Fernanda Takai, Mônica Salmaso, Adriana Moreira e Mauricio Tizumba. Estreia acontece no dia 9 de outubro
“Não há sol a sós”, criação híbrida e coletiva que, entre relatos de vidas e montagens de dança e música, aborda a história do Morro das Pedras, é o produto da etapa final do Programa Somos Comunidade edição 2020/21, patrocinado pelo Instituto Unimed-BH e realizado em parceria pela Coreto Cultural.
O espetáculo-documentário traz o Morro das Pedras, redescobrindo sua vocação e identidade, com apresentações das diversas manifestações culturais da comunidade e da Escola de Artes Instituto Unimed-BH. Protagonizado por artistas, empreendedores e moradores do Morro, o filme conta com participações especiais de nomes do cenário cultural brasileiro de renome internacional, como Elza Soares, Carlinhos Brown, Fernanda Takai, Mônica Salmaso, Adriana Moreira e Mauricio Tizumba. O espetáculo-documentário “Não há sol a sós” traz cenas gravadas em estúdio e áreas externas do Morro das Pedras e no palco do Palácio das Artes e será lançado no dia 9 de outubro, sábado, às 20h, no canal do Youtube e site do Somos Comunidade.
“O Instituto Unimed-BH tem uma sólida relação de cuidado e responsabilidade com o Morro das Pedras, que teve início com a criação da Escola de Artes, há quase 15 anos. Com a entrega do Somos Comunidade, o Instituto Unimed-BH também reforça a importância do Programa Sociocultural Unimed-BH, que é um dos principais impulsionadores da cadeia cultural e da economia criativa na capital mineira e região metropolitana. Em 2020, mesmo durante a pandemia da COVID-19, o programa contou com mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH como incentivadores e destinou mais de R$ 15,8 milhões de recursos captados para projetos socioculturais”, afirma a diretora Institucional do Instituto Unimed-BH, Mercês Fróes.
A equipe de criação do Somos Comunidade, formada pela Coreto Cultural e o Instituto Unimed-BH, entrou no ano de 2021 com o grande desafio de construir, pela primeira vez, um espetáculo musical de muitos palcos, talentos, histórias, cenários e locações. Durante os meses de maio, junho e julho, o Morro das Pedras assistiu o movimento intenso da produção de “Não há sol à sós”. O título é um trecho da letra da música “Inclassificáveis”, de Arnaldo Antunes, que está no repertório do espetáculo.
“O Somos Comunidade é um projeto de grande afetividade para nós e esta edição trouxe grandes desafios e aprendizados. Escutar e envolver moradores, superar as dificuldades dos ensaios à distância, pensar soluções para o registro de um elenco imenso de forma segura, identificar histórias e locações representativas, tudo isso para traduzir de forma respeitosa e verdadeira a cultura de uma imensa comunidade. A cada obstáculo, trabalho, intensidade e a certeza de ser possível e necessário realizar esse sonho”, conta Lilian Nunes, diretora executiva da Coreto Cultural e que também assina a direção geral do espetáculo-documentário.
Dirigido pelo artista audiovisual, produtor e roteirista Chico de Paula em parceria com Lilian Nunes, o trabalho não abandonou o formato de festival, exibindo a criatividade e o talento local através de cada número criado, ampliando e reverberando a diversidade de vozes e talentos do Morro das Pedras. Transitando entre o empreendedorismo, o dia-a-dia de seus moradores e as artes cênicas, urbanas e visuais, o espetáculo-documentário amplia os sentidos e aproxima o público de uma das maiores comunidades da Grande Belo Horizonte.
“Esse trabalho se configura a partir das particularidades que os personagens que estão envolvidos demonstram. Acho que o maior desafio é preservar a identidade e característica de cada participante. Para mim, as âncoras são os artistas do Morro das Pedras. É a comunidade. Essa comunidade é que foi se impondo cada vez mais com a sua personalidade e suas características dentro de uma diversidade muito grande de abordagens, de olhares, de formas de falar, de se comportar, de pensar. O desafio maior é conseguir preservar e respeitar o que é uma fala e postura da comunidade. Não importa o formato, o excesso de tecnicismo no tratamento do conteúdo. Isso não é o que me interessa em nenhum momento. O que me interessa é a melhor forma de preservar e respeitar a característica e identidade de cada pessoa envolvida nesse trabalho. Porque é esse conjunto de identidades que vai nos dar um pouco da dimensão do que é a comunidade do Morro das Pedras”, explica o diretor Chico de Paula.
Repertório musical
Para criar o eixo narrativo, foram selecionadas canções da MPB com temas baseados nos valores, sonhos e expectativas indicados no levantamento do Mapa Afetivo, a primeira etapa da edição 2020/21 do Programa Somos Comunidade. A pesquisa selecionou canções consagradas de autores como Ary Barroso, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Beto Guedes, Gonzaguinha, Lenine, Arnaldo Antunes, além do compositor do Morro das Pedras U-Gueto. No total, 13 músicas compõem a grande crônica afetiva da realidade do Morro, comum às periferias das grandes cidades brasileiras.
As gravações das canções e trechos do documentário-festival reuniram diferentes gerações no Estúdio Gunga, instalado no Centro Cultural Flor do Cascalho, localizado no Morro das Pedras. Ali, 18 artistas solistas encararam as sessões de estúdio com muita dedicação e profissionalismo e mostraram porque o Morro das Pedras é considerado um celeiro de talentos. Dos mais velhos, os irmãos sambistas Domingos do Cavaco e Raquel Seneias aos jovens valores como Menino Jazz e Rick Silva, somou-se a revelação das meninas cantoras Bárbara, Yasmin, Sofia e Raynara, o talento dos músicos Hélio Andrade, Wagner Morrone, Evandro Mello, U-Gueto, Dodó Silva, Cinara Ribeiro, Mano Coti, Vinição e Ryan Bernardo, e os versos marcantes do poeta Júlio Alvair. Já 12 representantes do Congado da Irmandade Nossa Senhora do Rosário e São Benedito da Vila São Jorge, também no Morro das Pedras, percorreram as ruas do aglomerado num cortejo de fé e tradição que “pede licença” à comunidade e inicia o documentário.
Na interpretação do repertório selecionado, os solistas foram acompanhados por estrelas da música popular brasileira como Elza Soares, Fernanda Takai, Mônica Salmaso, Carlinhos Brown, Adriana Moreira e Maurício Tizumba – sendo os dois últimos artistas também participantes de outras edições do projeto, além de grupos parceiros e patrocinados pelo Instituto Unimed-BH.
O diretor musical Gilvan de Oliveira elaborou os novos arranjos de cada uma das canções que foram executadas pela banda formada pelo próprio Gilvan de Oliveira (violão e arranjos), Cléber Alves (sax), Christiano Caldas (Acordeon), Felipe Villas Boas (Guitarra), Gustavo Figueiredo (Teclados), Ivan Corrêa (Baixo), Lincoln Cheib (Bateria), Mauro Rodrigues (flautas, arranjos de orquestra e de sopros), Serginho Silva (percussão) e mixadas por Alessandro Tavares.
Para o espetáculo-documentário, percussões, vozes e instrumentos acústicos foram gravados pelos participantes do Batuques Salubre infantil e adulto, o Coral Unimed-BH e a Orquestra Sinfônica de Betim – regidos pelo maestro Márcio Pontes, integrantes do Bloco Saúde, grupo formado por médicos cooperados, colaboradores da Unimed-BH, e convidados, comandado por Maurício Tizumba. O resultado musical serviu de base para as gravações audiovisuais desses grupos realizadas no Morro das Pedras e no Palácio das Artes.
“O fio condutor, o que harmoniza, é a entrega e o afeto. É a certeza de que a arte salva, que arte é essencial, de que ela é tão essencial quanto o ar, a água, quanto o alimento, quanto o afeto. Ela faz parte desse belo pacote que todo ser humano precisa. Somos todos inclassificáveis, somos gente para brilhar e no sol não há sol a sós. Temos que estar juntos para cuidarmos uns dos outros. Nada fazemos sozinhos. A entrega das pessoas neste projeto, de todas as partes do projeto, foi muito grande. E rompeu uma grande dificuldade que é trabalhar à distância para montar um documentário musical e de experiências artística, cultural e social. O Somos Comunidade é uma das coisas mais fortes, mais belas que esse país pode ver dentro de exemplos e de força do ser humano e da nossa gente dentro dessa pandemia”, conta o diretor musical, Gilvan de Oliveira.
Figurino e cenário
Dentro e fora de cena, a entrega artística dos moradores foi intensa. As alunas mais novas da Escola de Artes fizeram desenhos de suas rotinas de aulas que foram utilizados em seus próprios figurinos. Da página #favelaumafotopordia, de Horacius de Jesus, saíram imagens projetadas nos cenários e estampadas em figurinos de grupos de balé clássico. O fotógrafo Edi Silva também cedeu imagens para os cenários e junto a Raisson Lucas e Mari Flor Canuto, oficineiros do Somos Comunidade, somaram o resultado de seus trabalhos em instalações de fotos e grafite produzidas por professores e alunos nos muros da Graminha, cenário do clipe de uma das canções. Mari Flor grafitou também os figurinos das danças urbanas e produziu ilustrações que marcam lembranças preciosas da comunidade durante o documentário. Camisas doadas por médicos cooperados da Unimed-BH foram customizadas para vestir os bailarinos de um dos grupos convidados.
Comunidade participativa
A participação de dezenas de organizações, lideranças, empreendedores, artistas e moradores do Morro das Pedras na construção do Somos Comunidade foi ativa e constante. Muitas vocações e expectativas contempladas durante as etapas do projeto foram identificadas no HackaCom, encontro que discutiu propostas de alavancagem e desenvolvimento de negócios, além de apontar as demandas por formação profissional percebidas pela comunidade.
Este potencial foi amplamente aproveitado também na produção do espetáculo-documentário “Não há sol a sós”. Mais de 30 pessoas do Morro das Pedras foram contratadas no apoio direto às demandas de produção, gravação, logística, transporte, segurança, limpeza, alimentação e preparação dos locais de gravação. Estes moradores também indicaram os becos, vielas, lajes, locais de gravação e, principalmente, personagens marcantes da comunidade para o adequado registro de imagens e depoimentos conforme as previsões de roteiro.
Coreografia
Graças às atividades on-line, uma parte significativa das crianças e jovens vinculados à Escola de Artes Instituto Unimed BH puderam se preparar, em casa, para participar do documentário-festival. Assim, três turmas da Escola de Artes – Pré Clássicos 3 e 4 e Clássico 4, num total de 48 crianças e jovens, dançaram no palco do Palácio das Artes e as cenas integram o espetáculo-documentário “Não há sol a sós”. Em pequenos grupos de 3 ou 4 bailarinos de cada vez, observando todos os procedimentos preventivos ao coronavírus, os participantes fizeram, diante das câmeras, as coreografias com os novos arranjos e interpretações das canções “Trem Bala”, de Ana Vilela, “Amor de Índio”, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos e “Ânima”, de Milton Nascimento.
Já os alunos entre 6 e 8 anos das turmas Pré-Clássicos 1A e 1B da escola dançaram em locações ao ar livre, como o Mirante do Terrão, no Morro das Pedras, a canção “Redescobrir”, de Gonzaguinha. Em ruas e quadras das vilas, a turma de danças urbanas infantil apresentou “Girassol”, da banda Cidade Negra, e danças urbanas adulto, dançou “Inclassificáveis”, de Arnaldo Antunes.
Os números de dança também contaram com a participação dos bailarinos convidados dos grupos Mira, na canção “É o que me interessa”, de Lenine e da Companhia Masculina do Núcleo Artístico Camaleão, dançando “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, nas lages das casas da comunidade.
“Essa direção foi muito desafiadora. A Escola de Artes estava realizando suas atividades remotamente desde o ano passado, e assim, o trabalho de aprimoramento técnico e artístico com os alunos ficou muito limitado. Além disso, as gravações das coreografias poderiam ser no máximo de quatro em quatro alunos, além dos protocolos de distanciamento. Assim, a todo momento, tive que ajudar os professores à repensar as propostas originais de cada coreografia, e a reestruturar toda a concepção espacial, as movimentações, a interação entre os alunos, os deslocamentos entre eles para essa nova realidade. Apesar de tudo foi um processo muito prazeroso, e de grande aprendizado. Especialmente nas locações externas, ao ter que adaptar as coreografias de cada turma, subdividida em seus vários grupos, para os espaços urbanos, com o cuidado e respeito à ideia de cada professor em suas criações coreográficas.
E isso se estendeu também para os demais grupos, como o Bloco Saúde, o Arautos do Gueto, que durante esses anos tive o prazer de dirigi-los no palco, com todos os recursos técnicos que uma “caixa preta” nos permite. Essa experiência foi incrível e fiquei bem feliz com a atuação de cada artista e pela confiança de todos os envolvidos. Com o apoio de uma equipe maravilhosa, apesar das dificuldades do momento, foi possível realizar uma direção cuidadosa, com o olhar atento para potencializar a discussão de cada cena, diante das especificidades de cada contexto. Importante ressaltar que tudo isso foi algo que ainda não tínhamos experimentado em nossos Festivais”, conta a diretora de coreografia, Inês Amaral.
MÚSICAS POR ORDEM DE APARIÇÃO
- Terra (Caetano Veloso) – Maurício Tizumba e Bloco Saúde
- Girassol (Da Ghama, Toni Garrido, Lazão, Bino Farias, Pedro Luis) – Adriana Moreira, Hélio Andrade e Danças Urbanas Infantil
- Tá escrito (Xande de Pilares, Gilson Benini e Carlinhos Madureira) – Domingos do cavaco, Raquel Seneias e Batuque Salubre Kids
- É o que me interessa (Lenine) – Wagner Morrone e Grupo Mira
- Um Índio (Caetano Veloso) – Coral Unimed-BH e Bárbara Morrone
- Aquarela do Brasil (Ary Barroso) – Elza Soares, Mano Coti, Vinição e Cia Masculina Núcleo Artístico
- Redescobrir (Gonzaguinha) – Cinara Ribeiro, Pré-Clássicos 1A e 1B
- Trem Bala (Ana Vilela) – Ryan Bernardo, crianças Bárbara Morrone, Raynara Melissa da Silva, Sophia Alves Lopes e Yasmin Nicole Ferreira, e Balé Pré-Clássico 3
- Na Batucada (U-Gueto) – Carlinhos Brown, U-Gueto e Batuque Salubre
- Amor de Índio (Beto Guedes e Ronaldo Bastos) – Fernanda Takai, Rick Silva e Balé Pré Clássico 4
- Anima (Milton Nascimento e Zé Renato) – Mônica Salmaso, Evandro Melo, Orquestra Sinfônica de Betim e Balé Clássico 4
- Inclassificáveis (Arnaldo Antunes) – Jazz Orimauá, Danças Urbanas Adulto e vocal com todos os cantores solistas do MDP
- Gente (Caetano Veloso) – Rick Silva, Mônica Horta, Chico de Paula e Lílian Nunes
O documentário espetáculo foi produzido respeitando todos os protocolos e medidas de combate ao COVID-19 e contou com parceria operacional do Laboratório Hermes Pardini.
Serviço
Somos Comunidade – Lançamento do espetáculo-documentário “Não há sol a sós”
Dia 09 de outubro – sábado – às 20h
Exibição: Youtube Somos Comunidade – https://bit.ly/3hHGpU2Site: www.somoscomunidade.com.br